Para todos os leitores que esperam ansiosamente pelo próximo livro, eis aí o primeiro capítulo da Corte de lírios (vol.4) como presente de natal para vocês! Espero que gostem 😀.

O livro já está praticamente escrito, só faltam as devidas revisões gerais, diagramação e capa! Capa essa que ainda não escolhi (dê uma ideia aí se você tiver). Eu ainda não estou completamente satisfeita com o texto, mas vocês já podem ter uma boa ideia do que vem por aí!

O livro quatro vai trazer personagens que estavam em segundo plano. Como os demais livros da série, ele terá muito romance e ação também, com uma pegada mais abrangente. Talvez eu poste aqui mais capítulos, mas não prometo quantidade, ok? Como vocês sabem, sou um pouco criteriosa, então gosto de mastigar bastante o texto antes de decidir qual será o final.

Nesse capítulo temos Roberta e acabo de me lembrar o quanto as pessoas pouco sabem sobre ela. De uma forma geral, se for para comparar o que ela é com o nosso mundo, Roberta é mais uma agente de alto escalão, tipo atiradora de elite que resolve as coisas, que uma espiã. Não sei porque as pessoas tiveram a impressão de que ela era uma espiã e a compararam com Natacha Romanov rsrs… Quando eu criei ela, não pensei em nada disso. É claro que ela tem muitas habilidades de um espião, mas ela não se infiltra em lugares para espionar informações, sabe? É mais para se infiltrar e matar alguém. Na verdade, ao criar a Roberta me inspirei um pouco na Jéssica Jones (da marvel), por isso o cabelo preto e ser meio baixinha e arrogante rs.

Espero que gostem desta amostra e não deixem de comentar o que acharam, viu?

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Preview

1

Seis faixas rubro-negras repousam sobre seis uniformes militares empertigados, os seis brasões de leões com lírios costurados sobre os corações dos soldados, emitem um brilho prateado em detrimento da luz do sol. Centenas de outros militares estão há cento e vinte sete passos dos seis, mas Roberta os ignora como se houvesse fechado uma cortina entre eles.

Outra pessoa poderia pensar que enfrentar seis soldados sozinha e desarmada era loucura, mas Roberta apenas ergue a mão para o mais próximo com um sorriso pequeno.

— Vamos começar a festa?

Ela não está usando seu antigo uniforme de treinamento negro e sim uma versão editada do uniforme da Guarda da rainha quando luta com o seu primeiro oponente do dia.

O soldado se atira sobre ela se aproveitando de seu peso em um golpe só, Roberta desliza para o lado e quando ele só encontra o ar, ela se apoia nas ombreiras por trás dele ao mesmo tempo em que suas pernas chutam um outro soldado. O seu apoio vira e ela desconta um cruzado certeiro nele, embora um soldado tenha entrado na briga naquele preciso momento e a prendido em um mata-leão, o que torna o cruzado menos bonito, mas ainda bastante eficaz.

Atrasando-se de propósito a fim de proporcionar alguma chance ao homem, uma onda de dor a atinge quando o soldado pressiona seu aperto, Roberta se inclina e seu cotovelo explode com força calculada para ser pequena na maçã do rosto dele. Como previsto, ele não a solta o que era um bom sinal do soldado e ela percebe pelo canto do olho o movimento do quarto. Decidiu terminar a brincadeira quando ela se joga para frente, leva parte de suas mãos livres para baixo e puxa a perna do homem que está bem entre as suas, derrubando-o no chão com tempo o suficiente para chutar duas vezes o quarto soldado, uma no joelho e outra no pescoço quando ele se dobra por reflexo. Ela tentou não machucá-los muito. Não queria dar uma surra neles, não faria nenhum bem, só queria demonstrar um ponto a eles. Ela se decepciona quando eles não insistem um pouco mais. Resignada, Roberta dá uma olhada ao redor a procura dos demais.

Os dois soldados restantes irrompem em um frenesi. Ela pisa com a direita sua frente, gira o quadril e seu joelho beija a mandíbula do quinto soldado, se livrando dele cedo demais. Roberta tanta ser lenta nos movimentos afim de todo mundo entender o que ela fez.

Sua lentidão faz com que o sexto aproveite a oportunidade e agarre o seu cabelo, a puxando para trás e esse gesto tão inútil a irrita, então ela gira o braço, o prende e desfere um soco no nariz. Um barulho de crack se ouve quando o sangue espicha e o último vai ao chão.

De pé em um círculo de adversários caídos, Roberta inclina o rosto para as outras centenas de rostos a vigiando, parte do cabelo desliza para frente do rosto em uma cortina negra e ainda que as mechas a impedem de ver bem, ainda não é totalmente capaz de cortar ainda mais os fios. Já era curto o suficiente, mais um pouco e ela os rasparia.

Um pouco de ação demais a essa hora da manhã talvez?

Ela sabe quem é antes de virar-se.

Um homem de calças jeans e blusa dobrada até metade do braço a encara com uma xícara de café na mão. Uma alegria quase infantil sempre presente refletida em seus olhos castanhos.

Roberta enfia os cabelos para trás da orelha e revira os olhos. Nenhuma gota de suor após ter lutado com seis homens com o dobro do peso dela.

— O que você ainda faz aqui? Eu pensei que houvesse milhares de festas esperando por você na Bósnia.

Baruck gargalha e o tom de sua pele branca no frio do inverno a faz se avermelhar ligeiramente nas bochechas, justamente onde há covinhas ali.

O príncipe bosniano era um primo próximo de Juliet e como tal, havia muitas características físicas que os unia. A primeira delas era a beleza aristocrática típica dos Genevieve’s, uma beleza clássica que os faz ser atrativos e distantes ao mesmo tempo.

— Há tantas festas aqui quanto lá, — ele responde, um gole de café o interrompe brevemente, mas ele continua o seu discurso. — Não há problema nenhum em aproveitar tudo que esta aliança tem a oferecer. Eu estou contente em ver minha adorável prima se contorcer em torno da corte de Althea. Você já encontrou alguma pista de quem tentou envenená-la?

Roberta franze o cenho. Era Baruch ou Diná que queria saber disso?

— Vou viajar amanhã para descobrir isso — respondeu a ambos.

Baruck a encarou.

— É de tão longe assim?

Roberta olha para ele intensamente de volta.

— Na verdade, não, é de mais perto do que imagina.

Baruck deu a ela um dar de ombros.

— Eu gostaria de saber como foi que você descobriu quem é esta pessoa ou espião que está tentando matar Juliet.

— Você não tem ideia como a tecnologia pode ajudar a resolver as coisas. Não se preocupe com isso. Em breve saberemos com certeza quem foi.

Em silêncio, os dois observaram os soldados se reagruparem na fileira até que Roberta dispara:

— Ela não é para você.

Baruck abaixa a xícara do rosto.

— Ela quem?

— Gaia. Não é essa a verdadeira razão de ainda estar aqui?

O sorriso de Baruck não some, mas se aperta nas bordas.

— Juliet falou com você também?

A boca dela se reteve. Culpa deixa um sabor acre na sua boca. Fazia meses que Juliet não falava com ela, não de verdade, embora elas se vejam todos os dias.

— Não disse, — Roberta inteira — mas não é necessário ser um gênio para saber que você está brincando com Gaia como um lince perseguindo sua presa. Eu o vi sair do quarto dela nesta manhã.

Baruck deu de ombros outra vez.

— Foi divertido — comentou.

— É também perigoso.

— Isso também.

Ela inclina o rosto e olha diretamente para ele.

— Você não tem senso de sobrevivência? — perguntou, mas assim que faz a pergunta, já sabe a resposta.

— Não muito — mas ele está sorrindo quando diz isso.

Um formigamento dispara pelo corpo de Roberta com o conjunto de sorriso preguiçoso dele e suas covinhas em conflito com a parte dela que sabe que Baruck e ela não foram destinados a ficarem juntos. Apesar de todos esses anos, ele ainda conseguiu reavivar o primeiro amor de Roberta sem nem sequer saber. Era um sentimento fraco, mais uma fantasia que uma paixão, e sinceramente, ficava aliviada por causa disso. Baruck deixou bem claro, muitas vezes, como ele é feliz solteiro. Não é como se ela não concordasse com ele também.

Como se para confirmar seus pensamentos, uma mulher de cabelos vermelhos surge no campo de treinamento com um conjunto de inverno cinza. Ela está deslocada, metade dos saltos afundam na grama mesmo que a neve já tenha acabado há algum tempo.

Atrás dela, está o general Pete que hesita quando percebe que Baruck está ali. Roberta dá uma boa olhada na direção dele e ele parece tão bonito quanto da última vez. Ela não sabe dizer porque não havia investido nada com ele até aquele momento. Ele era muito sério, concluiu. Um homem sério não era seu tipo habitual ou ela morreria de tédio em poucos minutos.

Baruck se adiantou, encontrando com ele e fazendo girar em seu lugar, contornando-a como uma criança. Pete não desviou o olhar para o entretenimento entre eles, apenas seguiu em frente até ela.

— Eu imagino que Liam tenha dedo nessa história também — comenta quando Pete a encara, o rosto bonito sob a barba escura, mechas arrepiadas de castanho despontam em volta do rosto dele.

— E você chegou a essa conclusão, porquê?

— Mesmo que eu não tenha descoberto a presença de Baruck escondida há alguns meses, eu saberia só de vê-lo inteiro enquanto paquera Gaia. Mas desta vez, Liam cometeu um erro. Baruck não pretende se casar. Todo mundo sabe disso. Só irá machucar mais a menina.

O general não hesita um segundo, balançando a cabeça.

— Hipoteticamente falando, se o rei houver decidido que Baruck deveria se casar com a sua irmã, suas decisões são definitivas e nenhuma fofoca o fará mudar de ideia, mas eu não vim aqui fofocar — Pete diz, em seguida aperta os olhos para ela. — Você faltou a reunião.

Roberta riu.

— Minha nossa, alguém deveria me prender por isso.

— Era uma reunião importante.

— Era uma reunião inútil.

— Como investigar o espião poderia ser inútil? — pergunta Pete, amolado. — Você é a chefe de busca. Eu não sei porque a nomearam se não é capaz de fazer isso.

— Considere esta a primeira lição em meu ensinamento sobre como pegar um espião: ele pode ser qualquer um, inclusive eu. Uma reunião não resolveria nada, pois ele poderia estar lá. Vocês só queriam se reunir e cacarejar como galinhas enfadonhas. Se o rei estivesse aqui, ele seria o galo e vocês as galinhas ao redor dele, enquanto eu estou atrás da raposa que está roubando os ovos.

Pete ignora a zombaria e escuta o que Roberta diz, percebendo agora o significado exato das palavras dela.

— Você já sabe quem é — ele diz. — Por isso não parece preocupada.

Roberta semicerrou os olhos.

— Eu não disse isso.

— E sabe já tem algum tempo — acrescenta ele. 

— Hipoteticamente falando — zombou ela. — eu tenho nomes, mas ainda não tenho o suficiente para provar. E eu estou preocupada, é exatamente por isso que estou tendo muito cuidado.

Roberta ainda não tinha contado a ninguém sobre o espião, pois significaria explicar que não havia apenas um e sim mais, muito mais. Toda uma rede complexa de diversos soldados servindo como bodes expiatórios. Desde que Liam a havia pedido para encontrar o desgraçado que estava agindo pelas suas costas, Roberta tinha levado um tempo para diminuir a lista de pessoas do castelo minuciosamente. Eram milhares de soldados e ela tinha sido muito meticulosa, definhando a lista dos caras certos.

Explicar que havia hackeado o sistema de Althea, instalado stalkerwares nos elementos envolvidos levantaria demasiadas perguntas, minando muitos gatilhos cuidadosamente elaborados.

Ainda que Roberta se culpasse pelo sequestro de Juliet, sentindo que havia falhado terrivelmente, ela tinha que tomar precauções extras agora para não falhar uma segunda vez.

Pete chamou sua atenção com uma mão ao redor do seu cotovelo. Ela permitiu isso, porque se ela não permitisse, teria que usar uma manobra defensiva para bater nele na frente de todos aqueles soldados. Isso não seria uma boa visão.

Pete franziu o cenho de mais perto dela.

— Estou surpreso de que você esteja tão calma, dada a sua lealdade com a rainha.

Roberta estudou a mão larga enrolada ao redor do seu cotovelo, então levantou o rosto e encontrou seus olhos apertados.

— Eu tenho minhas razões para não ter agido ainda — Roberta disse. — E é por causa dessa lealdade que estou tomando um cuidado especial.

— O espião é alguém da rainha e não do rei então? — Pete a cavou com uma pergunta quieta e perigosa.

Roberta apenas deu de ombros, displicentemente, mas sentiu o olhar dele nas suas costas todo o caminho quando ela se afastou. Sabia que a pergunta havia sido respondida em seu silêncio.

Lid Oliver
Lid Oliver

Leitora ávida e apaixonada por romances desde muito pequena, aos 26 anos resolveu retirar suas histórias da cabeça e passá-las para o papel. Romancista sim, mas muito fora do padrão de heroína passiva e uma representação superficial do personagem masculino. Corte de Lírios é o seu primeiro romance que já nos primeiros meses ganhou popularidade no wattpad com milhares de visualizações.

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